domingo, 31 de janeiro de 2010

"GORDA"
(Teatro das Artes - Shopping da Gávea).

Fui ao teatro assistir à peça "GORDA" com Fabiana Karla! Claro que foi muito engraçada, já imaginamos pela atriz principal com sua fama no programa Zorra Total. Mas é interessantíssima a forma verdadeira como é tratado o delicado tema do preconceito com a obesidade em uma sociedade furiosamente obcecada com a magreza excessiva!! E não só com magreza, mas com o horror à velhice (o que é INEVITÁVEL para TODOS!), com defeitos físicos congênitos ou causados por acidente (este último podendo TAMBÉM atingir a qualquer um!), enfim, a peça aborda de forma até bastante dura e cruel a realidade do "horror" que nos causa tudo aquilo que é diferente!! O "cara" tinha um caso com uma colega de trabalho magérrima (que MESMO ASSIM chega a ser CLASSIFICADA por um colega do "cara" como "ficando barrigudinha" - OBS: a atriz era só osso e pele!!)... essa colega magérrima, bonita, contadora bem sucedida, é extremamente mau humorada, faz cobranças o tempo todo - em todos os sentidos - e vive "no pé" do cara exigindo dele uma relação mais "esclarecida", mais oficial! A GAROTA MAGRA e MAU HUMORADA é um porre!! Provavelmente devido à FOME que precisa passar para manter um corpo "insosso" e até parecendo "sem osso", além de "sem carne" tb (kkkk!!).

O "cara", seu nome é Antônio, é um executivo bem sucedido de uma grande empresa, é bonito, charmoso e magro. Ele se apaixona por uma bibliotecária (profissão considerada "obsoleta" em nossa sociedade informatizada, focada em leituras virtuais, e, por esta razão, considerada também uma profissão de pessoas "não muito bem sucedidas"!!!). Então, além de bibliotecária, trata-se de uma mulher BEEEM GORDINHA. Seu nome é Helena, em clara referência irônica à "Helena de Tróia". Apesar de ter a forma física ressaltada por vestidos de tecidos leves que marcam ainda mais a silhueta "cheinha" da atriz Fabiana Karla, a personagem Helena é fascinante, cativante, doce, inteligente, seu sorriso é belíssimo, seu senso de humor faz da relação dela com Antônio um verdadeiro conto de fadas!! Eles se apaixonam!!! Chegam mesmo à conclusão de que se amam... Ele chega a dizer pra magrela anoréxica, sua ex-namorada e ainda colega de trabalho, num momento em que ela o provoca, que ele quer a gordinha porque: "ela não é você!". Isso foi LINDO!!! A diferença entre as duas é gritante: a "gorda" é extremamente bem resolvida, feliz, alegre, brincalhona, irradiando bem-estar e harmonia... a "magrela" é rabujenta, vive reclamando de tudo, vive fuçando a vida do ex para descobrir sobre sua vida social e com quem anda saindo, seu mau humor aumenta na proporção em que ela imagina que possa estar ficando gorda... definitivamente uma péssima companhia!

Bem, INFELIZMENTE não posso continuar essa narrativa, que pena... se eu contar estrago a surpresa de quem possa estar interessado em ir ao Shopping da Gávea conferir o espetáculo! Mas preciso deixar aqui registrado que o final é inusitado, até chocante... surpreendente!!!! Faz pensar muiiito sobre a prisão em que vivemos, uma prisão de estereóptipos, na qual acreditamos ter bom senso para dela sairmos a qualquer momento que quisermos, sendo isto, na verdade, uma batalha terrível a ser travada contra todos ao redor, já que estamos TODOS, sem exceções (inclusive gordinhos, magrinhos, paraplégicos, idosos, etc), submersos em preconceitos, "acreditando" ingenuamente que somos livres!! MUITO BACANA!! Vale a pena conferir!

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